Dois Corações na Cruz: Cristo e Maria na Redenção

O texto abaixo é a transcrição adaptada de sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Capela Coração Dulcíssimo de Maria, em São Paulo/SP, em 14/09/2025, Festa de Exaltação da Santa Cruz.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. — Para sempre seja louvado.
Caros fiéis, queridos filhos, hoje celebramos a Exaltação da Santa Cruz (cf. Jo 3,14-15), e amanhã festejaremos Nossa Senhora das Dores, a Virgem Dolorosíssima (cf. Lc 2,35). São duas solenidades distintas e, ao mesmo tempo, profundamente unidas: a cruz redentora de Cristo e o Coração Imaculado e Doloroso de Maria, medianeira de todas as graças e corredentora da humanidade.
Na Quinta-feira Santa, Nosso Senhor iniciou a Sua Paixão (cf. Mt 26,36-46) e, ao derramar as primeiras gotas de Seu preciosíssimo Sangue, começou também a exorcizar, pela força desse Sangue divino (cf. 1Pd 1,18-19), toda a tirania do demônio sobre nossas almas. O verdadeiro exorcismo se encontra na contemplação da Paixão de Cristo, vivida em união com a dor de Sua Mãe Santíssima. A espada profetizada por Simeão atravessou-lhe o coração (cf. Lc 2,35), fazendo-a participar de modo singular no mistério redentor.
Contemplemos, portanto, este único mistério: dois Santíssimos Corações pregados na cruz. O Coração de Cristo, dilacerado e aberto (cf. Jo 19,34), consumando a Redenção com Seu Corpo entregue (cf. Lc 22,19) e Seu Sangue derramado (cf. Mt 26,28). E o Coração da Virgem Dolorosa, que sofreu em união perfeita com o sacrifício do Filho, de modo que nenhuma criatura humana poderia alcançar. Mistério que os santos, como São João Evangelista (cf. Jo 19,26-27), Santa Verônica Giuliani, Santa Gertrudes e São Gabriel da Virgem Dolorosa, contemplaram com lágrimas e revelações místicas, mas que permanece em grande parte velado na sacralidade do silêncio divino.
No alto do Calvário, quando Nosso Senhor entregou Sua Mãe ao discípulo amado (cf. Jo 19,26-27), conferiu a todos nós o dom incomparável de tê-La como Mãe e intercessora. Nesse momento, a vitória sobre o demônio foi consumada (cf. Cl 2,14-15). A serpente infernal foi derrotada (cf. Gn 3,15; Ap 12,1-11). A cruz tornou-se trono de triunfo (cf. 1Cor 1,18). E Maria, inseparavelmente unida ao sacrifício do Filho, foi constituída medianeira universal, corredentora e Rainha dos mártires.
A Santa Cruz e a Virgem Dolorosa formam, assim, um só mistério de amor, de dor e de vitória. Pela cruz, Cristo é proclamado Rei eterno (cf. Fl 2,8-11); pelo Coração Doloroso de Maria, somos introduzidos nesse mistério de graça e salvação (cf. Ap 21,2-3).
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. — Para sempre seja louvado.