São José Artesão: Mestre da Vida Interior e Guardião da Tradição

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 2 de maio de 2025

O texto abaixo é a transcrição do sermão do Rev. Pe. Françoá Costa, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum (São Paulo/SP), em 01/05/2025, Festa de São José Artesão.


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Hoje, 1º de maio, a Igreja celebra uma festa de primeira classe: a festa de São José Artesão. O Papa Pio XII, em 1955, quis santificar esse dia de maneira especial, retomando uma antiga festa de São José que já se celebrava nesta data. Seu objetivo era também oferecer uma resposta à crescente influência do comunismo e do socialismo no século XX, ideologias que instrumentalizavam o conceito de “trabalhador”. Assim, o Papa consagrou esse dia a São José, modelo de trabalhador, para afastar as almas do erro e santificar a realidade do trabalho.

O trabalho é uma realidade querida por Deus desde o início. Em Gênesis 2,15, lemos que Deus colocou o homem no Paraíso para o cultivar e guardar. Ou seja, mesmo antes do pecado original, o trabalho já existia como participação na obra de Deus.

Além disso, é significativo começarmos o mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, com uma festa de primeira classe em honra de São José, seu castíssimo esposo. Ele pode nos ajudar a viver bem este mês mariano, pois, como esposo da Virgem Santíssima, sabe nos conduzir até ela.

A vida espiritual consiste em tratar cada vez mais intimamente com Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesse caminho, a Virgem Maria é nosso maior modelo, pois o tratou de maneira perfeitíssima. Mas São José, com todo respeito à Mãe de Deus, é um exemplo ainda mais próximo, pois conviveu com Jesus e Maria na mesma casa. Por isso, ele é mestre da vida interior.

Para o católico, duas práticas fundamentais sustentam a vida espiritual: a Santa Missa e o Santo Terço. Ir à missa todos os domingos e rezar o terço diariamente são bases seguras. Na missa, participamos do sacrifício redentor de Cristo. No terço, rezamos a oração predileta de Nossa Senhora, composta de várias Ave-Marias. Essa oração é celeste: foi trazida do Céu por São Gabriel Arcanjo. Não é um texto inventado, mas uma repetição daquilo que os anjos já proclamavam.

São José, por sua convivência com Jesus e Maria, é nosso guia para vivê-los também. Devemos pedir-lhe que nos ensine a participar bem da missa e a tratar com reverência a Santíssima Virgem.

Ele é padroeiro da Igreja Universal, protetor do trabalho, mestre da vida interior e exemplo de fidelidade e silêncio. No trecho da epístola aos Colossenses proclamado hoje, São Paulo nos diz: “Fazei tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, dando por Ele graças a Deus Pai” (Cl 3,17). A gratidão é atitude essencial: expulsa a tristeza, favorece o verdadeiro otimismo e nos enche de paz.

Por amor a São José, o coração católico tende a querer exaltá-lo de toda forma. Mas devemos evitar os exageros. Por exemplo, há quem defenda que São José já ressuscitou e está no Céu de corpo e alma. Isso não é doutrina da Igreja. A Assunção corporal é um privilégio exclusivo da Virgem Maria, consequência de sua maternidade divina e virgindade perpétua. Mesmo sem esse privilégio, São José possui glória incomparável.

Santa Teresa de Jesus foi uma grande propagadora da devoção a São José. Ela confiava a ele seus mosteiros, suas necessidades materiais, seus pedidos. Nunca ficou sem resposta. Inspiradas por essa devoção, as carmelitas também são profundamente confiantes em São José.

Eu atendo um convento carmelita no Brasil, talvez o mais fervoroso do país. As irmãs são muito fiéis à regra e sofrem com a ausência de padres piedosos. Peço orações de todos para que esse convento se aproxime da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Já tratei disso com o superior, e, caso elas aceitem, o Padre Montagut enviará um sacerdote.

Rezem para que isso se concretize. Já há famílias na região que desejam exclusivamente a missa tradicional e rejeitam o Novus Ordo. Coloquemos essa intenção na Santa Missa de hoje, junto com as nossas intenções pessoais, todas nas mãos de São José. Deus se agradará de vê-las assim apresentadas por um intercessor tão santo. São José, homem interior, piedoso, silencioso e agradável a Deus.

Nestes tempos, rezemos intensamente pela Santa Igreja. Que venha ou um Papa bom e restaurador, ou um Papa que nos revele sem disfarces o abismo em que estamos. Um conservador confunde. O morno é perigoso. Peçamos ou o 8 ou o 80. Nada de meio-termo. Que avancemos na batalha por Cristo Rei!

Que Deus nos ajude. Que São José interceda por cada um de nós.

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