O texto abaixo é a transcrição dum sermão proferido pelo Reverendíssimo Padre Maurício Inácio Marino de Souza, assistente na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, no 3º Domingo Após a Epifania de 2025.
Em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Na primeira leitura de hoje, São Paulo nos exorta a suportar uns aos outros da mesma forma como Cristo nos suportou, com paciência diante das nossas fraquezas e mazelas. E mais: a termos bom entendimento para com todos.
Todos quem? Aqueles que gostam de nós e também aqueles que nos detestam. Há uma parcela de pessoas que gosta de nós, tanto dentro da comunidade quanto no trabalho, na empresa, na loja, na rua ou no transporte. Mas também existe uma gama de pessoas que está à espera de uma oportunidade para nos ver tropeçar e cair.
Mesmo por essas últimas, precisamos rezar. Sejamos pacientes, como o Senhor é bondoso para conosco.
No Santo Evangelho, o Senhor nos chama a atenção para a fé do centurião romano, que superou a fé de muitos que aguardavam a promessa do Messias.
Isso reflete a situação da fé na Igreja atual. Infelizmente, por influência de João Paulo II, o personalismo tornou-se uma corrente dominante. Essa perspectiva coloca o Papa como o “Polo Norte” da referência da Igreja, da teologia e da salvação, esquecendo que ele é um ser mortal, sujeito a falhas e afirmações errôneas.
Hoje, com Francisco, presenciamos algo similar ao neopelagianismo do século III, resumido no pensamento: “Eu quero, eu posso, eu faço”. Esquecemos a graça, a ação e o poder de Deus.
A fé é um dom que Deus nos dá. Não é fruto do nosso esforço ou de algo belo em nós. Por isso, precisamos pedir humildemente ao Senhor que aumente nossa fé, assim como o centurião pediu por seu servo. Ele não pediu por si, mas pelos outros, mostrando como Deus coloca o dom da fé em nossos corações para que intercedamos pelos demais.
Muitas vezes, Deus nos pede fé não para nós, mas para outros. Mesmo em meio às nossas dificuldades, Ele nos chama a rezar pelos outros. E é através dessa intercessão que Deus transforma corações, libertando-nos da arrogância e do orgulho.
Peçamos à Sagrada Família de Nazaré que nos auxilie a viver a virtude teologal da fé. Que sejamos humildes e confiantes na graça do Senhor, como o centurião romano. Que possamos prestar contas a Deus nesta vida e merecer a recompensa eterna na outra.
Em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.