As Virgens Consagradas: Muralhas da Igreja e Esposas de Cristo

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 31 de agosto de 2025

O texto abaixo é a transcrição dum sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, em 30/08/2025, em Atibaia/SP.


 

Queridos filhos,

Quando contemplamos o modelo acatado das Virgens, das quais o modelo máximo é a Virgem Santíssima, Virgem com todas as prerrogativas, virtudes e perfeições postas por Deus, devemos compreender que este é o estado próprio das almas chamadas pelo Senhor a um grau de intimidade e identidade com o Divino Esposo — uma antecipação do Reino dos Céus.

Duas categorias de consagração a Deus constituem essa antecipação do que será a eternidade de todas as almas santas: o celibato sacerdotal e o voto de castidade religiosa. No caso das religiosas, tanto mais perfeito será quanto mais a Providência dispuser. O mesmo ocorre com os sacerdotes, mas hoje contemplamos o mistério das Virgens consagradas, se forem virgens.

Isso não significa que as que tiveram uma determinada vida pregressa estejam excluídas da santidade. O exemplo de Santa Maria Madalena mostra que, mesmo não sendo virgem, alcança-se pela purificação um grau elevadíssimo de perfeição na caridade. Mas as Virgens Santas são esteio e escol do mundo, trazendo em suas almas a caridade perfeita e indissolúvel para com o Divino Esposo, por graça divina, deixando um rastro de fogo para todos que anelam pelo Reino dos Céus.

O segundo mistério glorioso do Rosário que rezamos hoje, da Ascensão, frutifica na esperança e no desejo ardente do Céu. Assim foi com Santa Rosa de Lima, a Padroeira Secundária das Américas, que, preservada por Deus, deixou os encantos e chamados do mundo para viver em absoluta fidelidade ao seu Divino Esposo como terciária dominicana, filha espiritual de São Domingos de Gusmão e de Santa Catarina de Sena.

Quando olhamos a constituição original da Ordem Dominicana, vemos que o centro dela é a vida contemplativa. E a regra diz: “Contempla o que anuncias para anunciares o que contemplas.” Sem contemplação, o Reino dos Céus permanece velado. E a pureza é o conduto que abre o caminho da contemplação.

Conta-se nos anais que Santa Rosa tinha uma beleza impressionante. Mas fez o que apenas uma virgem responsável faria: recolheu-se no castelo interior e colocou-se aos pés do Divino Esposo, escolhendo a melhor parte que nunca lhe seria tirada. Viveu selada pela caridade divina, aquela mesma descrita no Cântico dos Cânticos: “As torrentes não poderão extinguir o amor.” Assim, contemplou já nesta vida algo da beleza infinita que, no Céu, será perfeita e sem restrições, sem a limitação dos sentidos e sem o influxo das tentações.

Meus filhos, uma das primeiras medidas do demônio, sobretudo após a década de 60, foi atacar a vida religiosa em seu coração. E conseguiu: assistimos a morte de tantos mosteiros e conventos. Não desejo rebaixar este sermão a exemplos ínfimos, mas quando vemos encontros de pseudo-religiosas comprometidas com ideologias mundanas, vestidas de calças jeans, camiseta e chinelo, abandonando o hábito e a clausura, percebemos o triunfo de Satanás. As que deveriam ser esposas de Cristo tornaram-se amantes de ideologias, concubinas espirituais do mundo, escravas do erro. Pobres almas perturbadas, doentes, vazias de caridade, que buscam cursos, estudos e projetos porque não encontram suficiência em Deus.

Quem ousaria dizer que Deus não é suficiente? E, no entanto, é isso o que fazem. Seu verdadeiro amante é Satanás.

Mas, graças a Deus, a Tradição floresce. Os mosteiros tradicionais estão cheios. Dominicanas, carmelitas, beneditinas e as irmãs da FSSPX se multiplicam com vida interior abundante e forma exterior preservada: hábito, regra, silêncio, oração, penitência. É necessário, contudo, rezar muito para que surjam novas vocações e novos mosteiros, pois os existentes já estão cheios e não bastam. Imaginemos conventos contemplativos ligados a cada priorado, colégios sustentados pela oração das religiosas — que rio de vida, quanta conversão, quantas almas arrancadas das garras do demônio!

Assim foi desde o início: de Santa Escolástica, irmã de São Bento, fundadora do ramo feminino beneditino, até Santa Gertrudes, Santa Matilde, Santa Hildegarda de Bingen, Santa Lutgarda de Aywières, todas fruto da vitalidade dos mosteiros beneditinos. O mesmo se deu com as dominicanas e com as redentoristas, nascidas para sustentar missionários pela oração contemplativa.

Recordemos a visão da Beata Maria Celeste Crostarosa, que recebeu de Nossa Senhora a ordem de deixar o Carmelo e fundar, junto a Santo Afonso de Ligório, o primeiro mosteiro redentorista, inteiramente dedicado a rezar pelos missionários.

Sempre que a vida missionária floresceu, houve por trás dela um muro de proteção erguido pelas contemplativas.

Assim está acontecendo novamente hoje, sobretudo na França e nos Estados Unidos, onde conventos dominicanos florescem e dão exemplo. Satã sabe que precisa atacar esses mosteiros, pois são muralha contra ele. E atacará, mas de modo mais sutil e pesado. Por isso é preciso rezar, meus filhos, para que surjam ainda mais mosteiros da Tradição.

Invoquemos, portanto, a Rainha das Virgens, Santa Rosa de Lima, Santa Catarina de Sena, Santa Escolástica e tantas outras santas religiosas. Outrora, as mães desejavam que suas filhas fossem santas; hoje, querem que sejam médicas ou executivas. Que insanidade! Precisamos novamente de mães que desejem filhas santas, esposas de Cristo.

Vejam quantas famílias floresciam em virtude quando entregavam filhas a Cristo; hoje, famílias morrem espiritualmente porque lhes falta esta generosidade.

Rezemos, meus filhos, para que a vida contemplativa na Tradição floresça ainda mais, pois dela depende a renovação da Igreja. Rezemos para que novos mosteiros se multipliquem, até que cada missão seja sustentada por uma muralha de oração. Que assim seja.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Para sempre seja louvado.

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