Jejum e Oração pela Paz: Como o Católico Tradicional Deve Responder

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 26 de agosto de 2025

Introdução

Na Audiência Geral do último dia 20 de agosto de 2025, o Papa Leão XIV convocou os fiéis a um dia de jejum e oração pela paz no dia 22, Festa do Imaculado Coração de Maria. Muitos católicos acolhem com naturalidade esse chamado, mas entre os que permanecem fiéis à Tradição, surgem dúvidas: seria correto aderir? Não estaríamos, assim, apoiando uma visão de “paz” inspirada no espírito do Vaticano II, marcada pelo ecumenismo e pela liberdade religiosa?

A questão merece ser enfrentada com serenidade e clareza.

Desenvolvimento

Jejum e oração são práticas que pertencem ao coração da vida cristã. O próprio Nosso Senhor ensinou que “certos males não se expulsam senão pela oração e pelo jejum” (Mt 17,21). Ao longo da história, a Igreja sempre convocou seus filhos a esses atos em tempos de guerra, calamidade ou necessidade.

Portanto, jejuar e rezar, em si, são práticas boas e santas, independentemente de quem faça o convite.

É verdade que, no contexto atual, o termo “paz” pode ser usado de forma ambígua, significando apenas ausência de conflito ou convivência harmônica entre todos os povos e religiões, sem referência ao reinado de Cristo. De fato, essa não é a paz verdadeira que a Igreja sempre pregou. A paz autêntica nasce da justiça, da ordem conforme a lei de Deus e do triunfo da fé católica, e um fiel tradicionalista não pode aderir a definições relativistas.

No entanto, isso não deve levar necessariamente à recusa do convite. O fiel pode — e deve — responder com uma intenção purificada: rezar pela paz verdadeira de Cristo, pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria, pela conversão dos pecadores, pelo fim das guerras e pela vitória da fé sobre o erro.

E mais: rezar pelo fim das guerras, ou duma guerra em específico, como, no presente caso, se faria em relação às guerras em Gaza e na Ucrânia, não é ruim ou errado. Estes dois conflitos, de fato, são injustificáveis. Mulheres, crianças, idosos e deficientes estão sendo vitimados diariamente, e isso precisa ser contido.

A oração não é contaminada pelas intenções alheias. Deus vê o coração daquele que reza. Mesmo que um Papa estivesse mal orientado ou fosse pessoalmente indigno, isso não necessariamente mudaria o valor da prática. A oração e o jejum não deixam de ser eficazes porque quem os convocou tem intenções confusas. Pelo contrário, nesse caso, a resposta dos fiéis pode ser ainda mais meritória: rezar em reparação e pedir a conversão do próprio Papa. Assim, o gesto permanece católico e frutífero.

Rejeitar totalmente um convite ao jejum e à oração por causa de suspeitas seria um erro. Seria como deixar de dar esmola a um necessitado porque quem incentivou a fazê-lo não é digno. Quem perderia com isso não é o Papa, mas o fiel que deixou de rezar.

A prudência católica não está em afastar-se da oração, mas em orientar a intenção corretamente diante de Deus.

Conclusão

O católico tradicional não deve cair no extremo da ingenuidade e nem no extremo da rejeição sistemática. O caminho é claro: atender ao chamado, mas com reta intenção, oferecendo o sacrifício pela paz verdadeira, que só pode vir de Cristo e do Coração Imaculado de Maria.

Assim, transforma-se um gesto possivelmente ambíguo em oportunidade real de santificação, reparação e vitória da fé.

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