O Espírito Santo e as Três Convicções: Pecado, Justiça e Juízo

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 26 de maio de 2025

O texto abaixo é a transcrição do sermão proferido pelo Rev. Pe. Françoá Costa, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em 18/05/2025.


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós. Amém.

Caríssimos fiéis, três temas aparecem no Evangelho deste domingo (Jo 16, 5-14) que merecem destaque especial: pecado, justiça e juízo. Todos se fundamentam na vinda do Espírito Santo.

Quando Nosso Senhor morre na cruz, um soldado fere o seu lado e dali jorram sangue e água (Jo 19,34). Os Padres da Igreja entendem esse evento como o sinal da doação do Espírito Santo. A água simboliza o batismo, o sangue, a Eucaristia. Ambos pressupõem o sacerdócio ministerial.

Portanto, desde a Páscoa, Cristo já está doando o Espírito Santo. Ele não espera Pentecostes. Quando aparece aos apóstolos, Ele sopra sobre eles e diz: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). E institui o sacramento da confissão: “A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem os retiverdes, serão retidos” (Jo 20,23). Em poucos dias, Nosso Senhor institui claramente o sacerdócio, o batismo, a Eucaristia, a confissão. Organiza a vida da Igreja.

A Igreja nasce do lado aberto de Cristo, como Eva do lado de Adão (cf. Gn 2,21-22). Essa entrega do Verbo encarnado e a doação do Espírito Santo são a base de tudo. Santo Irineu de Lião diz que o Pai age no mundo com duas mãos: o Filho e o Espírito. Essa é a estrutura trinitária da nossa fé, da nossa Igreja, dos sacramentos, da oração.

Nosso Senhor diz que o Espírito Santo convencerá o mundo quanto ao pecado, à justiça e ao juízo (Jo 16,8). Vamos a esses três pontos.

1. O pecado: “Porque não creram em mim” (Jo 16,9).

O pecado está enraizado na falta de fé. Se a fé fosse forte, não cometeríamos pecados mortais, evitaríamos os veniais e buscaríamos evitar até as imperfeições. O Salmo 13(14),1 diz: “O insensato diz no seu coração: Deus não existe”. A fé molda a inteligência para que ela não seja insensata.

São os santos que, com grande fé, evitam não só os pecados graves, mas também as mínimas imperfeições. A vida espiritual é um crescimento na fé. A fé molda nossa inteligência e nos leva à caridade.

Sócrates dizia: “Quem conhece o bem, o faz”. No cristianismo, a inteligência moldada pela fé nos conduz à santidade.

Um fiel aqui da capela mostrou-me hoje o ChatGPT, dizendo: “Se você, com toda a sua inteligência, fosse um ser humano, e tivesse que escolher uma religião, qual seria?” E a resposta foi: “O catolicismo tradicional”. Interessante, né? Mostra que a fé bem vivida tem coerência racional.

2. A justiça: “Porque vou para o Pai” (Jo 16,10).

O conceito filosófico de justiça é: “Dar a cada um o que lhe é devido”. Mas só em Cristo vemos a justiça perfeita: o Filho, perfeito Homem e perfeito Deus, oferecendo-se ao Pai, que é perfeito Deus.

Toda a vida cristã é um entrar nessa justiça: unidos a Cristo pelo batismo, pela Eucaristia, pela oração. Em Jesus diante do Pai, está o modelo da verdadeira justiça.

Santo Anselmo falava da redenção como realizada “ex toto rigore justitiae” — com todo o rigor da justiça. Bastaria uma gota do sangue de Cristo para salvar o mundo, mas Ele quis derramar todo o Seu sangue (cf. Mt 26,28). Isso mostra a grandeza da glória de Deus e a gravidade do pecado humano.

3. O juízo: “Porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16,11).

O Diabo está condenado para sempre. O primeiro pecador é ele, o pai da mentira (Jo 8,44). Adão e Eva aprenderam a pecar com ele. E é por causa dele que existe juízo.

Nós teremos o juízo particular: “Está estabelecido que os homens morram uma só vez e depois venha o juízo” (Hb 9,27). E também o juízo universal: “Vinde, benditos de meu Pai… Afastai-vos de mim, malditos…” (Mt 25,31-46). Mas o Demônio já está julgado, condenado, sem possibilidade de redenção.

Nosso Senhor vai à raiz de tudo: fé, justiça, juízo. Compreendendo isso, nossos exames de consciência serão mais profundos, e nossa vida cristã mais séria.

Peçamos à Santíssima Virgem, neste mês de maio, que nos cubra com seu manto e nos conduza por esse caminho de fé, de justiça e de preparação para o juízo.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *