Bom Pastor, Boas Ovelhas

O texto abaixo é a transcrição do sermão proferido pelo Rev. Pe. Françoá Costa, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum (São Paulo/SP), em 06/05/2025.
Como no último domingo foi o Domingo do Bom Pastor, podemos dizer que esta semana é a Semana do Bom Pastor. Na Missa tradicional, se não houver uma comemoração de um santo com leituras próprias, repetem-se as leituras dominicais ao longo da semana. Por isso, tantas vezes durante a semana ouvimos as mesmas leituras do domingo. Amanhã, teremos a comemoração de um santo, mas hoje não, e por isso repetimos o texto do domingo. Aproveitemos, pois, para viver não apenas a Semana do Bom Pastor, mas também a Semana das Boas Ovelhas. Escutemos a voz do Pastor com o coração e os ouvidos abertos.
No Evangelho de hoje (João 10,16), lemos: “Haverá um só rebanho e um só pastor”. Nosso desejo é que todos os que levam o nome de cristãos, todos os batizados, estejam sob a autoridade de Cristo, no pastoreio da única Igreja de Nosso Senhor, que é a Igreja Católica. Queremos a conversão dos católicos afundados no modernismo e no liberalismo, para que todos sejam verdadeiramente católicos. O desejo de Cristo de reunir todos num só rebanho e sob um só pastor não é apenas um anseio: ele se realizará escatologicamente (cf. Jo 10,16). Essa reunião ocorrerá sob a autoridade de Nosso Senhor e de seu vigário na Terra, o Santo Padre, o Papa.
Para sermos boas ovelhas que seguem a voz do Pastor, devemos alimentar-nos do magistério perene da Igreja. Nestes textos, Nosso Senhor explica-nos as Escrituras. Como nos lembra o texto dos discípulos de Emaús (Lc 24,27), Jesus explica as Escrituras. O mesmo ocorre nos Atos dos Apóstolos (At 8,30-31), quando Filipe explica as Escrituras ao eunuco etíope, que não as compreendia.
A Igreja sempre rejeitou o livre exame da Bíblia, próprio do protestantismo. Não se trata de ler e interpretar sozinho, como quando os falsos profetas dizem “o Espírito Santo me inspira diretamente”. Não. Até os apóstolos, quando sozinhos com Nosso Senhor, pediam:
“Explica-nos a parábola” (cf. Mc 4,34).
Precisamos de mestres. Jesus, o grande Pastor, nos ensina por meio do Magistério da Igreja. Porém, desde 1962, infelizmente muitos papas e bispos decidiram não ensinar. O espírito “democrático” invadiu também a catequese e a escola: o professor forma um círculo e diz que todos aprenderão uns com os outros. Mas as crianças precisam ser ensinadas. Elas precisam aprender o abecedário da fé. A catequese não pode ser um círculo onde todos têm algo a ensinar.
Assim, recorremos aos documentos de quando os papas e bispos ensinavam com autoridade: Pascendi Dominici Gregis, de São Pio X; Quas Primas, de Pio XI, sobre o reinado de Cristo; Mystici Corporis, de Pio XII, sobre a natureza da Igreja; Pastor Aeternus, do Concílio Vaticano I, sobre a primazia do Papa. Não se trata de rejeitar os papas atuais, mas de constatar que eles não querem nos ensinar como os anteriores.
Estamos à véspera do início do conclave. Peçamos a restauração da fé católica. Que o novo Papa assuma com coragem o magistério, ensinando com a autoridade de Cristo. Queremos ser boas ovelhas, sentadas aos pés do Papa como crianças aos pés de um avô, escutando com docilidade a fé transmitida pelos apóstolos, pelos Padres e Doutores da Igreja. Desejamos que toda a Igreja viva o que vivemos aqui, na Tradição.
Vivemos uma situação tensa, acusados de sermos cismáticos e sedevacantistas, o que não somos. Desejamos apenas beijar os pés do Santo Padre, viver na normalidade. Queremos que termine essa tensão e que toda a Igreja abrace a Tradição católica. É belo esse trecho da primeira carta de São Pedro:
“Éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes ao Pastor e Bispo das vossas almas.” (1Pd 2,25)
Jesus é o Pastor e o Bispo. Os papas e bispos são pastores em Cristo, e só quando anunciam a doutrina de Cristo.
Que sejamos boas ovelhas. Que Deus nos conceda bons pastores.
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.