O Bom Pastor: Cristo, a Verdade e os Pastores Fiéis na História da Igreja

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 4 de maio de 2025

O texto abaixo é a transcrição dum sermão proferido pelo Rev. Pe. Françoá Costa, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum (São Paulo/SP), em 04/05/2025, Domingo do Bom Pastor.


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Ó Maria concebida sem pecado. Rogai por nós que recorremos a vós.

Caríssimos fiéis, a Igreja celebra hoje o Domingo do Bom Pastor, o segundo domingo após a Páscoa.

O Evangelho de hoje é João 10,14: “Eu sou o Bom Pastor. Eu conheço as minhas ovelhas.” A primeira verdade que devemos guardar é esta: só existe um pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ninguém o substitui. No máximo, temos vigários: o Papa, por exemplo, é o Vigário de Cristo, não seu substituto.

Na Igreja, quem é unido a Cristo pela ordenação sagrada participa do seu pastoreio, mas somente enquanto unido a Ele, à verdade da fé, às verdades ensinadas por Cristo. A fé se assenta na inteligência, não nos sentimentos. Como diz São Paulo em Romanos 10,17: “A fé vem pelo ouvido” — ou seja, é preciso que a verdade seja anunciada, pregada, falada.

Por isso, só é verdadeiro pastor aquele que anuncia a verdade. Nosso Senhor fala dos falsos pastores, os mercenários. E a história da Igreja nos mostra homens ilustres que deram a vida pela verdade do Evangelho.

Foi São Jerônimo quem escreveu o “De Viris Illustribus”, sobre esses homens. Após os Apóstolos, surgem santos como Santo Inácio de Antioquia, que ouviu São Paulo pregando; São Policarpo de Esmirna, discípulo de São João; e Santo Irineu, discípulo de Policarpo, que escreveu contra as heresias já no século II.

No século IV, Santo Atanásio de Alexandria enfrentou o arianismo quase sozinho, sendo combatido até por um papa (Libério), que depois se converteu. Atanásio foi sucedido por outros bons pastores, como São Pedro de Alexandria. Em sua época, ele era mais reverenciado que o Papa em Roma.

Tivemos também São Leão Magno e São Gregório Magno, com quem a Missa tradicional já estava praticamente estruturada como é hoje.

No século X, tempo de grandes crises (o chamado saeculum obscurum), monges como Santo Odilon fundaram Cluny, que chegou a ter novecentos monges santos. Desse movimento surgiu São Gregório VII, reformador da Igreja com a chamada Reforma Gregoriana.

No século XVI, São João Fisher foi o único bispo inglês que resistiu a Henrique VIII. Santo Inácio de Loyola fundou os jesuítas com os mais inteligentes, formando-os para evangelizar os mais distantes. O Brasil deve muito a ele e ao Padre José de Anchieta, que fundaram escolas e trouxeram cultura.

No século XIX, Pio IX, que, durante o papado, se converteu à Tradição, proclamou o dogma da Imaculada Conceição. Leão XIII, com sua doutrina social e visão da civilização cristã, consolidou importantes ensinamentos sobre a ordem social baseada na fé. São Pio X, gigante da Igreja, mereceria um curso inteiro só para ele. Pio XI instituiu a festa de Cristo Rei.

Mais recentemente, Dom Marcel Lefebvre foi um verdadeiro bom pastor, que lutou contra os erros do Concílio Vaticano II. Suas obras mais importantes são: “Carta aberta aos católicos perplexos” e “Do liberalismo à apostasia”. Dom Antônio de Castro Mayer, bispo brasileiro, resistiu, junto com Lefebvre, aos mesmos erros.

E tantas santas mulheres: Santa Teresa de Ávila, Santa Teresinha, Santa Catarina de Sena, Santa Edith Stein… todas colaboradoras da verdade.

Por fim, a Santíssima Virgem Maria, a Divina Pastora. Embora não seja pastora como os padres e bispos, participa do mistério da co-redenção. Na Paixão, foi ela quem manteve a fé íntegra, protegendo os apóstolos.

Ou seja: aqueles que são muito devotos de Nossa Senhora, mesmo que caiam, retornam. Nossa Senhora esmaga a serpente e destrói as heresias, protegendo, com seu manto, todos os que amam a verdade.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

2 thoughts on “O Bom Pastor: Cristo, a Verdade e os Pastores Fiéis na História da Igreja

  1. Padre Francoa, Deus derrame muitas bênçãos na sua vida!
    Por favor me responda pq o evangelho desse domingo da Missa de sempre é diferente do evangelho da missa nova?

    1. A Missa de Sempre segue o Calendário Litúrgico Tradicional, com um ciclo anual fixo de leituras, ou seja, os mesmos textos bíblicos são lidos nos mesmos domingos todos os anos.
      A missa nova (Novus Ordo), promulgada por São Paulo VI em 1970, introduziu um ciclo de leituras trienal (anos A, B e C para os domingos), com muito mais trechos bíblicos diferentes. Isso quer dizer que as leituras variam a cada ano.

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