A Vitória que Vence o Mundo: A Fé Católica em sua Plenitude

O texto abaixo é a transcrição do sermão proferido pelo Rev. Pe. Françoá Costa, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum (São Paulo/SP), em 27/04/2025.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
“A vitória que vence o mundo é a nossa fé.” Expressão fortíssima de São João, na primeira carta, capítulo 5. Dessa afirmação, tiramos uma conclusão prática para a vida: esta é a fé da Igreja. Não adianta criar estratégias meramente humanas, porque a vitória que vence o mundo é a nossa fé.
A Igreja Católica é uma “empresa” sobrenatural. Fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, ela opera com meios sobrenaturais. A vitória que vence o mundo é a nossa fé.
Hoje, os textos bíblicos destacam o conteúdo essencial da nossa fé. O primeiro nos lembra que são três os que dão testemunho no céu: o Pai, o Verbo e o Espírito. Também dito como o Espírito, a água e o sangue. É clara a profissão de que nossa fé se fundamenta no mistério da Santíssima Trindade. Todas as nossas orações começam em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Tudo é abençoado com essa fórmula, seja água, terço ou velas.
A Trindade é o fundamento da fé católica: um só Deus, em três Pessoas. Em algumas partes da Igreja, a bênção é feita com três dedos unidos (Trindade) e dois dedos abaixados (duas naturezas de Cristo).
No Evangelho de João, capítulo 20, vemos o segundo ponto fundamental da fé: a confissão de Jesus Cristo como perfeito Deus e perfeito homem. “Meu Senhor e meu Deus”, diz São Tomé. “Senhor” em referência à sua humanidade; “Deus”, à sua divindade. Jesus é a segunda Pessoa da Trindade, encarnada para nossa salvação. A expressão “Nosso Senhor Jesus Cristo” enfatiza essa humanidade santíssima.
São Tomé passa por uma crise. Seu contato com o mistério da fé é racional. Ele antecipa, de certo modo, o espírito teológico de Santo Tomás de Aquino. Tomás exige provas: marcas da paixão. Ele quer os motivos de credibilidade, que a apologética trata amplamente. Segundo Santo Tomás, a fé é um assentimento intelectual à verdade revelada. Não é sentimento, como dizem os modernistas.
Pio X, na encíclica Pascendi Dominici Gregis, combateu a tese modernista de que a fé é um sentimento. Nós a renunciamos com o juramento antimodernista. A fé pode até ser acompanhada de consolações, mas não consiste nelas. Mesmo sem sentir nada, rezar o terço ou visitar o Santíssimo tem valor.
Devemos desconfiar de aparições ou revelações: podem vir do demônio ou da imaginação. A exemplo de São Tomé, devemos exigir as marcas da paixão.
A confissão de fé de São Tomé leva o apóstolo João a escrever: “Estas coisas foram escritas para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em Seu Nome”. No batismo, recebemos essa fé que nos conduz à vida eterna.
Jesus confiou a transmissão da fé aos apóstolos (cf. Mt 28). Os sacerdotes, como sucessores dos apóstolos, exercem esse ministério. Eles têm autoridade de ensinar: esse é o Magistério. Os fiéis, ensinados pelo Magistério, podem ter o sensus fidei (sentido sobrenatural da fé). Mas isso é uma realidade passiva. O Magistério é a realidade ativa.
Essa compreensão não se encontra em Lumen Gentium, n. 12, do Vaticano II. Esse trecho dá a entender que a fé brota do povo, sendo depois chancelada pela hierarquia. Daí nasce a ideia de uma “igreja sinodal”. Por isso, nós, da Tradição, não aceitamos certas ideias do Concílio: o erro já estava presente no embrião.
A fé é recebida: vem de Cristo, por meio dos apóstolos e do Magistério. Quando bispos e padres renunciam a ensinar e querem apenas “aprender com o povo”, o Magistério desaparece. Daí surge a confusão: quem ensina? A quem obedecer?
A fé é um dom recebido no batismo. Mesmo que ainda não conheçamos todos os seus artigos, ela já está presente, como embrião. Cresce com estudo, oração, sacramentos, conselhos espirituais. Mas o crescimento é dado por Deus.
Peçamos, nesta Missa, o dom da fé e o aumento da fé. Pois sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb 11,6). O pecado mortal destrói a caridade, mas não anula a fé: esta pode nos conduzir ao arrependimento e à confissão.
Devemos desejar que todos se convertam à fé católica. Esse é o apostolado dos fiéis: colaborar com a difusão da fé. Mesmo ajudando na catequese, os leigos colaboram, e não substituem, o sacerdócio.
Não desanimemos de quem está longe da fé. Rezemos e ofereçamos sacrifícios por todos, como fazia Jacinta de Fátima. Ainda há esperança enquanto se está nesta vida.
Meditemos sobre nosso juízo particular: onde passaremos a eternidade? O céu é um lugar real, não apenas um estado, pois Jesus e Maria estão lá em corpo e alma. Somente eles. A Assunção de Maria é privilégio exclusivo, consequência de sua maternidade divina e virgindade perpétua. São José não está no céu em corpo e alma.
Concluamos: a fé professada, vivida e anunciada é condição para agradar a Deus. Roguemos a Nosso Senhor que conceda a fé às almas que não a têm ou que a têm de forma parcial. Desejamos que todos descubram a Tradição da Igreja e vivam integralmente a fé católica, especialmente no santo sacrifício da Missa.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.