A Cruz, a Nova Religião e a Última Batalha

O texto abaixo é a transcrição adaptada do sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum (São Paulo/SP), em 15/04/2025, Terça-Feira Santa.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
Meus filhos, hoje meditamos a segunda narrativa da Paixão, mais breve e concisa, retirada do Evangelho segundo São Marcos. Entre todas, a mais ardente é a do Discípulo Amado, São João, que esteve com o Senhor até o fim. Desde a primeira hora, o maior tesouro da Igreja foi o depósito da Paixão de seu Divino Senhor.
A identidade dos filhos de Deus, católicos, apostólicos, romanos, está intimamente ligada à cruz. A cruz é a marca por excelência. Ainda que o Ichtus (peixe) tenha sido um símbolo inicial de reconhecimento entre os fiéis, é com a cruz que se ministram os sacramentos e se triunfa sobre o demônio, o mundo, a morte e o pecado. A cruz é indestrutível.
O demônio sabe disso. Como ensina São Paulo, ao narrar a instituição da Santíssima Eucaristia (cf. 1Cor 11,23-26), “proclamamos, até que Ele venha, a morte do Senhor”. O altar é a renovação incruenta do Calvário, antecipada de forma sacramental por Nosso Senhor na última Ceia. E não se trata de um mero memorial simbólico, mas da mesma operação sacramental, com todos os seus efeitos.
Como devemos olhar a Paixão? Reconhecendo que o nosso sofrimento também pode ser uma entrega ao Pai e pelos irmãos. Mais do que uma decência de postura, deve haver um verdadeiro ardor de contrição. Devemos permitir que Deus opere em nós, reconhecendo quanto fomos abraçados por Ele — e, ao mesmo tempo, o quanto podemos ser ingratos.
Nosso Divino Salvador fez tudo conforme aprouve ao Pai (cf. Jo 8,29). Nenhum dos aspectos de sua Via Crucis foi acidental. Não se trata de uma tragédia, como querem os modernistas. Foi a sua entrega. Não foi uma derrota, foi sua vitória. Cada passo gravado com sangue abre o caminho para o céu. Ele repete:
“Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23).
Mas o Senhor não nos deixa sem auxílio. Já no Calvário nos oferece Sua Mãe (cf. Jo 19,26-27). Se desejamos renunciar a nós mesmos, tomar nossa cruz, sermos fiéis a Seus mandamentos, inflamar-mo-nos de Sua caridade pela Eucaristia, restauraremo-nos pelo sacramento da Penitência e recorramos à Sua Santíssima Mãe. Ela é a Advogada por excelência, que intercede por nós quando o acusador tenta nos arrastar ao desespero após termos vivido de forma mesquinha, mundana, egocêntrica.
O demônio opera com duas estratégias: primeiro, leva-nos a desacreditar nas promessas de Deus, conduzindo-nos ao pecado; depois, conduz ao desespero e à recusa da misericórdia. O desespero da salvação é, de fato, um dos mais graves pecados (cf. Mt 27,5).
Façamos de Nossa Rainha Santíssima a Advogada que intercede por nossa contrição, combate espiritual e propósito de emenda.
Não sejamos ingênuos nesta batalha. Desde o Concílio Vaticano II desenvolveu-se uma nova religião, a contra-igreja, infiltrada por elementos da maçonaria. Eles desejavam implantar uma religião naturalista, universal, que os judeus talmûdicos chamam de Noeísmo: as sete leis de Noé, sem qualquer fundamento nas Escrituras, fruto de especulações cabalísticas.
O rabino Elia Benamozegh afirmou que o novo catolicismo se tornaria portador do Noeísmo. E assim se fez: financiaram seminaristas, formaram padres, bispos, cardeais. Criaram um catolicismo de “boa vizinhança”, populista e submisso à religião dos judeus talmûdicos.
Maimônides, com sua obra Guia dos Perplexos, é exaltado por essa nova religião como pensador. Mas ele negou a divindade de Cristo e combateu a fé cristã. A nova religião, com ares de messianismo judaico, nega Jesus como Cristo. Chamá-lo de “Cristo” é para eles uma blasfêmia. Preparam-se para dizer que Ele foi apenas mais um entre muitos falsos messias.
Não estou dizendo que os judeus farão isso: eles o fazem há dois mil anos. Estou dizendo que será a própria hierarquia da anti-igreja, sob a Roma modernista, quem proclamará isso abertamente. Esta é a obra final de Satanás.
Animados pela glória de Deus e sob o amparo de Nossa Senhora, compreendamos a grande obra que Deus realizou em nosso favor.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.