A Cruz, Mistério da Fé: A Conversão pela Paixão do Senhor

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 13 de abril de 2025

O texto abaixo é a transcrição dum sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum (São Paulo/SP), em 13/04/2025, Domingo de Ramos.

 


 

Em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.

Queridos filhos, se nos detivermos a considerar o mistério passo a passo, compreenderemos melhor a profundidade dos sofrimentos de Nosso Senhor. Em cada traço desse sofrimento, se revela o mistério da justiça divina: a entrega do Filho pelos nossos pecados.

Tudo começa após a instituição do Santo Sacerdócio, do Santo Sacrifício e do Santíssimo Sacramento, quando Nosso Senhor é traído por Judas. Em seguida, vêm uma sequência de fatos arrasadores. Mais que uma simples narrativa, contemplamos o depósito do mysterium fidei, do qual tudo dependerá.

Aqui está o mistério da fé.

Compete, portanto, às almas piedosas, neste tempo santo, recolherem-se para contemplar esse mistério. Não temos ideia da medida do que o Senhor realizou por nós. Por isso, devemos assumir a firme decisão de contemplar tais mistérios com a disposição de permitir que eles operem em nossas almas a conversão necessária, a purificação profunda, a adesão irrestrita ao mistério do Filho de Deus.

Consideremos a Paixão: de Judas ao sepultamento de Cristo no Santo Sepulcro, do qual Ele ressuscitará ao terceiro dia. Trata-se da via mais piedosa, mais atemorizante e mais reveladora do mistério do Filho de Deus: a Via Crucis. Quem não se detém nesse mistério jamais será verdadeiramente converso, jamais será católico de fato, jamais participará da herança do Salvador.

Amigo verdadeiro de Cristo é aquele que ouve do Senhor: “Já não vos chamo servos, mas amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (cf. Jo 15,15). Não há ciência mais elevada do que a ciência da cruz. Os santos foram unânimes quanto a isso.

O Evangelho da Paixão é aquele que opera a mais profunda conversão. Ele expurga da inteligência toda vaidade e orgulho, e transforma o coração petrificado num coração humilde, generoso, temente a Deus. É a palavra de fogo do Filho de Deus, que purifica e revela sua fidelidade ao Pai na obra da redenção.

O demônio, embora dotado de uma inteligência incomparável, por estar afastado do mistério de Deus, não consegue compreendê-lo. Por isso, sem perceber, acaba servindo aos desígnios divinos. Foi ele quem insuflou o Sinédrio, foi ele quem inflamou as vozes que rodearam a cruz, julgando que ali se consumava sua vitória. No entanto, ali se cumpria o triunfo de Deus.

Filhos, leiam e meditem aquele opúsculo cheio de unção e fidelidade: a Carta aos Amigos da Cruz, de São Luís Maria Grignion de Montfort. Ali se encontra uma carta magna de espiritualidade autêutica. Sejamos amigos da cruz, e seremos verdadeiramente amigos de Deus.

Deus não promete confortos, riquezas ou triunfos terrenos. Embora, por desígnio de sua providência, possa colocar seus servos em posições singulares para reconduzir todas as coisas a Ele, o que Deus promete é a sua graça:

“Minha graça te basta.” (2Cor 12,9)

O caminho proposto é o da renúncia:

“Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24)

Supliquemos à nossa Rainha, a Santíssima Virgem das Dores, que nos alcance de Deus a graça da contemplação nesses dias santos, o ódio ao pecado, o ódio ao mundo e à carne.

Que nossa devoção seja estridente no sentido frutuoso, e não no sentido barulhento: estridente de gratidão, de fidelidade, de amor ardente.

A cruz foi e sempre será a marca dos justos, dos santos, dos fiéis. Que ela nos atraia, que nos alcance um amor severo, entranhado, inflamado pela fidelidade e obediência do Senhor ao Pai.

Em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.

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