A Paixão dos Fiéis: Luz nas Trevas da Igreja

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 6 de abril de 2025

O texto abaixo é a transcrição do sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em São Paulo/SP, em 05/04/2025, sábado da IV Semana da Quaresma.


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Hoje é primeiro sábado do mês, e para os que estão fazendo as comunhões reparadoras dos cinco primeiros sábados, esse é um tesouro imenso dado por Nossa Senhora, a Imaculada, lá em Tuy, na Espanha.

Neste dia precioso, como Associação Cor Mariae Dulcissimum, unida ao Coração de Nossa Senhora, queremos rezar em ação de graças, mas também em atitude de súplica, de rogo. Hoje, o Pe. Françoá Costa comunicou sua posição de união à Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Rompeu com a nova religião criada pelo Concílio Vaticano II, uma falsificação da fé católica. Ele recebeu orientação do superior para o Brasil, Pe. Juan Maria de Montagut.

Isso causará impacto. As trevas odeiam a luz (Jo 3,19-20). O Pe. Françoá ficará conosco por cerca de 22 dias, atravessando conosco a Semana Santa. Está celebrando exclusivamente a Missa de Sempre.

Rezemos por ele. Agora começa sua paixão.

Meus filhos,

Quando os Padres da Igreja começaram a interpretar as Escrituras sob a potestade e assistência inviolável do Espírito Santo, foram unânimes em muitos pontos, especialmente na interpretação profética do livro de Isaías, chamado de “Evangelho do Antigo Testamento”. Nele há mais de 500 atributos do Redentor. Isaías descreve com fineza o Messias.

E vemos também a rejeição a essa verdade: uma nova classe farisaica, a hierarquia atual da estrutura operativa oficial da Igreja, serve não a Deus, mas ao pai da mentira (Jo 8,44). Trata-se de uma tirania eclesiástica disfarçada de autoridade legítima. Uma elite clerical revolucionária e fraudulenta, mais preocupada com prestígio e influência do que com almas. Perseguem os fiéis da Tradição, exatamente por serem fiéis.

Não se trata apenas de fraqueza humana, mas de obstinação. O novo farisaísmo, pior que o antigo, já não age por ignorância, mas com plena consciência. Trai Cristo e sua Igreja, com mitras na cabeça e báculos nas mãos, sem verdadeiro temor de Deus.

Foi esse mesmo espírito de traição que contaminou os dez primeiros sacerdotes que abandonaram a Fraternidade Sacerdotal São Pio X para fundar a Fraternidade Sacerdotal São Pedro. Alimentaram-se da formação da FSSPX como parasitas, foram ordenados por Mons. Lefebvre, e depois o acusaram de desobediência. Traíram a obra que os fez sacerdotes. Essa foi uma das primeiras grandes punhaladas.

Temos hoje dois bispos vivos na Fraternidade, com cerca de 67 e 68 anos. De 4 mil bispos, talvez 40 sejam fiéis. Não são números exatos, mas ilustram a realidade.

Os bispos que restaram devem ter postura de martírio. O mundo precisa de sentinelas, como disse Nosso Senhor aos seus apóstolos na Quinta-feira Santa: “Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão” (Mt 26,31).

Mons. Marcel Lefebvre, ao sagrar quatro bispos em 1988, sabia que não sobraria nada. Dois já morreram. Dos dois restantes, peçamos a Deus que sagrem mais. Que sejam cinco, seis, dez, doze… Que enfrentem calúnias, perseguições, afrontas, e deixem ferir seus corações para que a obra de Deus aconteça.

Como disse um bom sacerdote tradicional — ainda fora da Fraternidade, mas próximo dela —, esses gigantes, esses guerreiros gigantes que compõem a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, são os que devem ser sagrados. Eles sabem o que isso implica: terão de permitir que seus corações sejam rasgados por calúnias, perseguições, mentiras e afrontas — para que, desse sangue, brote nova vida para a Igreja.

A Fraternidade não pode adotar uma postura defensiva. Que se levantem novos bispos para continuar a obra. O mundo precisa de pastores fiéis, dispostos a ser crucificados com Cristo (Gl 2,19-20), e não de burocratas com mitra e báculo, que são, em sua maioria, servos do pai da mentira.

Rezemos para que o superior-geral e seu conselho marquem a data da próxima sagração episcopal. Que sejam generosos. Que saibam que sofrerão. Mas que estejam prontos para dar suas vidas pela fé católica (Jo 15,13).

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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