A Multiplicação dos Pães e a Preparação para a Eucaristia

O texto abaixo é a transcrição de um sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em São Paulo/SP, em 30/03/2025, IV Domingo da Quaresma (Laetare).
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
Hoje meditamos sobre um milagre extraordinário: a multiplicação dos pães e dos peixes. Este milagre se deu em dois momentos, sendo este o primeiro, e foi a preparação para talvez a maior catequese de Nosso Senhor: o ensinamento sobre a Santíssima Eucaristia.
Nosso Senhor se entrega a nós em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, perpetuado no mistério da instituição tríplice da Quinta-feira Santa: o Sagrado Sacerdócio, o Santo Sacrifício e o Santíssimo Sacramento. Tudo isso para nos fazer entender que o fim último da nossa existência é buscar a Deus.
É Ele quem nos diz: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.” É Ele quem nos diz para entregar-Lhe tudo: nossa inteligência, nossos afetos, nosso viver.
Nosso Pai celeste, que cuida das aves e dos lírios do campo, é quem proverá todas as coisas necessárias à nossa santificação. A multiplicação dos pães e peixes é manifestação da onipotência divina, um milagre verdadeiro. É herético reduzir esse milagre a um simples gesto humano de partilha. Isso é tentar roubar a glória de Deus, como no mito de Prometeu. Aderimos ao mistério, isto é, àquilo que é maior do que a razão pode compreender.
Nosso Senhor multiplicou os pães porque pode tudo. Ele é Deus. Mas o fim daquele milagre era preparar os corações para compreender que o verdadeiro alimento seria Ele mesmo. E é isso que Ele nos dá no altar, se estivermos devidamente dispostos, em estado de graça, fiéis à doutrina católica.
A maior de todas as catequeses foi essa: sobre a instituição da Eucaristia. Nosso Senhor não falou apenas do pão material, mas do Pão consubstancial, de sua própria substância. Aqui não há lugar para heresias protestantes. É a transubstanciação, sim: o pão e o vinho tornando-se verdadeiramente o Corpo e Sangue de Cristo.
Nosso tempo é marcado por tanta malícia, tanta podridão e corrupção, que é necessário comungar com frequência. Como disse o salmista: “O que habita sob o esconderijo do Altíssimo e vive à sombra do Onipotente.” Precisamos nos abrigar no altar. Sem a Eucaristia, a caridade se esfria, porque se ausenta o Autor da caridade. É Ele que foi excluído de nossas casas, escolas, hospitais, parlamentos. Daí o colapso. No passado, uma religiosa cuidava sozinha de trinta enfermos. Hoje, uma pseudo-religiosa não consegue dar conta de dois. Porque não vive de Deus, nem por Deus, e nem para Deus.
Nosso Senhor dirá:
“Quem não viver de Mim, não viverá. Quem comer minha carne e beber meu sangue terá a vida eterna. Quem o faz indignamente, come e bebe sua própria condenação.”
Padre Pio nos ensinava a pedir: “Senhor, ficai comigo, porque sem Vós eu me perco!” Ele é o maior recurso: o próprio Deus dado a nós.
Muitos pais e mães se queixam: “Meus filhos não mudam.” Muitos casados dizem: “Meu cônjuge não muda.” Mas que recursos têm usado? Estão indo à Missa? À Missa verdadeira? Estão comungando Nosso Senhor? O maior poder impetratório do mundo está no altar. A conversão das almas é fruto da Eucaristia.
Por fim, uma séria advertência: muitos daqueles que gritaram “Crucifica-o!” foram os mesmos que comeram dos pães e peixes multiplicados. Que alerta para nós! Homens ingratos! Queremos milagres, mas não adoramos. Queremos graças, mas não rendemos graças. Não rezamos: “Adoro-te devotamente, Deus escondido…”
Peçamos à nossa Rainha Santíssima que nos dê um espírito de adoração, uma alma eucarística, inflamada de amor ao seu Filho.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.