A Vigilância Quaresmal, as Cebolas do Egito e a Cruz de Cristo

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 23 de março de 2025

O texto abaixo é a transcrição do sermão proferido pelo Rev. Pe. Maurício Inácio Marino de Souza, na Associação Cor Mariae Dulcissimum, em São Paulo/SP, em 23/05/2025, III Domingo da Quaresma.

 


 

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Caros irmãos em Cristo,

A meditação que Deus nos traz nesta manhã nos oferece duas belíssimas lições sobre a vigilância diante dos nossos próprios atos.

O primeiro ponto que nos chama a atenção é o perigo de voltarmos às práticas do passado, marcadas por paixões desordenadas, vãs e estranhas. Infelizmente, temos essa inclinação — o que São João chama de concupiscência da carne — que nos arrasta de volta às “cebolas do Egito”,

As panelas de carne, os pepinos e os legumes que o povo de Israel desejava no deserto são também símbolos das tentações que nos acompanham em nossa natureza humana. Precisamos carregar essa realidade — ou melhor, abraçá-la — porque, pela fé, Deus nos forja e nos prova, tornando-nos mais dignos do Reino dos Céus.

Essa forja exige de nós não apenas atos concretos, mas também pureza nas palavras. Nosso vocabulário deve ser examinado: será que ele é digno do Senhor, nosso Deus? Diante das dificuldades do cotidiano — doenças, problemas, provações —, será que brotam de nossos lábios louvores e ações de graças, como exorta São Paulo? Ou será que nos rendemos à rabugice, aos xingamentos e às reclamações?

Tudo ao nosso redor parece conspirar para provocar nossos sentidos e nos fazer perder o foco. Precisamos entender que nossa vida é uma peregrinação, não um namoro sem fim com o mundo.

O segundo ponto que o Santo Evangelho nos traz é o cuidado com as blasfêmias contra Deus. Alguns quiseram atribuir a Jesus uma espécie de aliança com Belzebu, como se Ele operasse os milagres por influência maligna. É como se dissessem — na linguagem popular — que Jesus “estava puxando a brasa para a sardinha de outros”. Não enxergaram que o Senhor veio fazer a vontade do Pai, e não apenas ganhar adeptos, como fazem certos grupos e a imprensa, que inventam necessidades apenas para obter audiência.

Hoje, vemos as seitas agindo dessa forma: criam parafernálias, espetáculos e pirotecnias para chamar a atenção, como em programas de auditório. Mas nós não precisamos disso. Deus nos deu o Espírito Santo como sinal da vitória — uma vitória que passa, sim, pelo cadinho da cruz. Uma cruz silenciosa, discreta, cheia de profundidade espiritual.

Assim foi a Paixão de Cristo: obediente à voz do Pai, sem alardes, sem barulho. Não pela verborragia, mas pelas obras. Nossas palavras valem menos do que nossas obras. Como dizia Santo Antônio de Pádua:

“Falem as nossas obras e calem as nossas palavras.”

Peçamos, pois, ao Senhor nosso Deus que nos ajude a viver um vocabulário santo, segundo o Seu Coração, e que esse vocabulário transborde em obras de misericórdia, bondade, mansidão, resignação e paciência.

Louvados sejam os nomes de Jesus e de Maria. Para sempre sejam louvados.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *