O texto abaixo é a sétima meditação feita pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, no Retiro de Carnaval realizado na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em São Paulo/SP, na data de 02/03/2025.

A vida espiritual não consiste apenas no conhecimento intelectual das verdades divinas, mas na iluminação interior concedida por Deus. O progresso na vida de oração e na busca pela santidade ocorre quando a alma, já purificada das paixões desordenadas, começa a ser guiada pelo Espírito Santo de forma mais intensa. Como ensina Santo Agostinho, ‘Deus ilumina os que se abrem à sua graça, pois ninguém pode vir ao conhecimento da verdade sem que Ele mesmo a revele’.

Esse é o caminho da via iluminativa, onde a luz divina dissipa as trevas da ignorância e conduz a alma para uma maior conformidade à vontade de Deus.

Um grande exemplo dessa transformação é São Pedro. Após negar Jesus três vezes, ele não apenas recebeu o perdão, mas também uma graça infusa que o restaurou completamente. A ação do Espírito Santo o elevou de um homem fraco e temeroso para um apóstolo destemido, pronto a dar sua vida pela fé. Esse é o efeito da via iluminativa: a alma não apenas compreende a verdade, mas é fortalecida para vivê-la com determinação.

Quem percorre essa via não se permite à preguiça espiritual, mas avança na oração e na busca da perfeição. O Espírito Santo molda essas almas, afastando-as dos prazeres mundanos e orientando-as para virtudes mais elevadas. A história da Igreja está repleta de santos que passaram por esse processo, abandonando gradualmente o que os afastava de Deus para abraçar uma vida de intimidade com Ele.

Essa iluminação, no entanto, não significa ausência de dificuldades. A própria Sagrada Escritura nos ensina que Deus prova aqueles a quem ama, como vemos no exemplo de Jó, que foi testado em sua fé, mas permaneceu firme, tornando-se um modelo de perseverança para todos os fiéis (Jó 1,21). Deus permite provações para testar e fortalecer a alma. Muitos santos passaram por períodos de desolação espiritual, nos quais não sentiam a presença de Deus, mas, sustentados pela fé, permaneceram firmes. Santa Teresa de Lisieux e São João da Cruz são exemplos de almas que, mesmo em meio à aridez espiritual, perseveraram na confiança e no abandono à vontade divina.

A via iluminativa não é um estado estático, mas um chamado constante ao crescimento. Deus deseja que avancemos continuamente, permitindo que Sua luz nos transforme e nos prepare para uma união mais profunda com Ele. Aqueles que perseveram nesse caminho chegam, por fim, à via unitiva, onde a alma já não deseja nada fora de Deus. Esse é o destino de todos os que buscam a verdadeira santidade: viver iluminados pela graça e fortalecidos pelo Espírito Santo.