A Paciência de Deus e Nossa Conversão

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 5 de março de 2025

O texto abaixo é a segunda meditação feita pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, no Retiro de Carnaval realizado na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em São Paulo/SP, na data de 01/03/2025.

 


 

A conversão é um processo que exige tempo e perseverança, mas, acima de tudo, depende da infinita paciência de Deus para com a humanidade, como nos recorda São Pedro em sua segunda epístola:

‘O Senhor não retarda sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, ele espera pacientemente por vós, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento’ (2Pe 3,9).

Pecamos repetidamente, desviamo-nos de Sua vontade, mas Ele continua a nos tolerar, esperando que voltemos ao caminho certo. Seu amor não é condicional, mas Ele deseja nossa transformação e santificação.

A Sagrada Escritura nos mostra diversos exemplos da paciência divina. No Antigo Testamento, vemos como Deus suportou os pecados do povo de Israel no deserto, guiando-os por quarenta anos apesar de sua constante infidelidade (Nm 14,18). Deus não destruiu os pecadores imediatamente, mas concedeu tempo para arrependimento. Ele deseja a conversão dos ímpios, pois Sua misericórdia supera a justiça.

A história de grandes santos também ilustra a necessidade do recolhimento e da renúncia ao mundo para alcançar a vida espiritual autêntica. São Bento, por exemplo, buscou fugir do convívio social para viver na solidão e buscar a Deus em profundidade, ensinando-nos que a vida interior requer distanciamento das distrações supérfluas.

O próprio Cristo ensinou esse princípio ao aconselhar que entremos no nosso quarto e fechemos a porta para rezar. O mundo moderno nos afasta da oração e do silêncio, e precisamos lutar contra isso. Grandes reis como São Luís da França, que teve dez filhos e uma nação para governar, encontravam tempo para oração e penitência, mostrando que não existem desculpas para negligenciar a vida espiritual.

A Sagrada Escritura reforça essa verdade em diversos momentos. No Salmo 84, lemos:

“Minha alma desfalece de sede pelo Deus vivo.”

Também, o livro dos Provérbios (2,3-5) nos incentiva a clamar por inteligência e discernimento, pois quem busca o temor de Deus encontra a sabedoria.

Não somos super-homens, mas Deus nos dá a graça necessária para buscá-Lo. Essa graça se manifesta de diversas formas: na força para resistir às tentações, na luz para discernir a vontade divina e no impulso interior que nos leva à oração e à penitência. No entanto, essa busca exige disposição para a conversão sincera. Devemos evitar um cristianismo superficial e naturalista, que reduz a vida espiritual a meros sentimentos. A santidade não é um chamado para poucos, mas para todos que desejam seguir a Cristo.

A paciência de Deus é um chamado à nossa conversão. Ele nos espera, mas não para sempre. Quanto mais adiamos nossa santificação, mais difícil se torna o caminho. Devemos responder ao Seu amor com prontidão, confiando em Sua misericórdia, mas sem abusar dela. A hora da conversão é agora.

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