A Santidade da Infância: O Exemplo de São Luís Gonzaga e das Santas Crianças

O texto abaixo é a transcrição de um sermão proferido pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Associação Cor Mariae Dulcissimum, em São Paulo/SP, em 27/02/2025.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
São Luiz Gonzaga morreu aos 24 anos de idade. Esse santo jovem italiano dá-nos aquele admirável exemplo de uma adolescência inteiramente penetrada pela graça de Deus. Sem nada fazer de extraordinário, seguiu simplesmente e fielmente a vocação que o tiraria do mundo e o levaria a consagrar-se totalmente ao Senhor. Bebeu na escola de São Paulo da Cruz um grande amor à paixão do Salvador e uma entranhada devoção às dores da Virgem Santíssima. Chamado de Gabriel das Dores e canonizado por Bento XV em 1920.
Meus filhos, o segredo dessa geração dos fortes, das coisas que tangeram as suas próprias vocações – “uma geração determinada”, como dizia Santa Teresa, a cumprir os mandamentos – era o decreto divino, a vontade de Deus.
É sobre isso que Nosso Senhor fala no Santo Evangelho. A doutrina sólida é que a Graça Divina opera na alma de quem a ela se devota, se abre. Essas crianças serão preservadas do pecado destrutivo, da vida baixa na carne. Aquilo que Santa Teresa de Lisieux escreveu, que Deus foi preveniente: “E, admiravelmente, não sei explicar como, porque sou do mesmo barro de todos os filhos de Adão, impediu que eu conhecesse um grande pecado.” Ela não conheceu o pecado mortal. E ele não conheceu o pecado mortal.
São Luís Gonzaga não conheceu o pecado mortal e conheceu o pecado venial muito enfraquecidamente, posto que dele já estava afastado em sua vontade, há muito, pela graça de Deus.
Deus coloca esses candelabros na história para que a coisa não fique muito mais crítica. E, numa civilização atraída para a carne e para o mundo como a nossa, a história se torna ainda pior. Nós somos verdadeiramente, meus filhos, a civilização mais perniciosa da história da Igreja.
Onde não está a verdadeira fé, resta apenas confusão. Nós estamos já na Tradição, na factualidade de ter uma gravidade tal que, “a quem muito foi dado, muito será cobrado”. Essas crianças, Santa Teresinha, São Luís Gonzaga, as crianças mártires, Santa Filomena, Santa Inês… O que essas crianças quiseram? Quiseram a Deus, quiseram o Céu. E então quiseram a morte para isso.
Se a prova para chegar a Deus e ao Céu é o martírio, Deus dará a graça. Se é a enfermidade, a tuberculose, soltar pedaços de carne na veste, assim será.
“Basta-te a minha graça”.
Quando São Paulo descreve a magnitude do que ele trabalhava na sua alma, ele era um apóstolo. “Senhor, para que fique como testamento para os outros, quando parecer que o peso do testemunho e da fidelidade está insuportável, o que fazer?”
“Basta-te a minha graça”.
Essas crianças venceram. Se tivéssemos a sapiência e a disciplina dessas crianças, nossa vida espiritual seria mais fortalecida. Por isso, ficamos encantados, porque elas nos lembram dum mundo futuro, do qual já são parte, e que nós temos uma peleja sem tamanho.
Deus quer. O problema é que nós não queremos. Deus quer fazer o Seu castelo interior em todas as almas. Mas as almas não querem o Seu castelo interior.
Então recorramos à intercessão dessas santas crianças, de São Gabriel da Virgem Dolorosa, devoto da Paixão a tal ponto que sofreu intensamente por amor a Cristo.
Aliás, quer ver se uma alma realmente tem desejo do céu? Veja o amor que ela tem à Paixão de Cristo.
Essa criança era, em sua alma, inteiramente devota à Paixão de Cristo. E na última Sexta-feira Santa da sua vida, vomitou um litro de sangue de uma vez. Pulmões cheios de sangue. Era o último sinal dele dizendo: “Está feito”. Um litro sob o lençol, entregando-se completamente à vontade de Deus.
Por isso, precisamos da graça que a Quinquagésima nos dará. Devemos começar agora. Deus precisará libertar-nos da carne maldita, do mundo maldito e do demônio. Nós temos tempo.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.