A Fraqueza que Revela a Força de Deus: Lições de São Paulo e a Luta pela Santidade

O texto abaixo é a transcrição dum sermão proferido pelo Reverendíssimo Padre Maurício Inácio Marino de Souza, assistente na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em 23/02/2025, Domingo da Sexagésima.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Caríssimos irmãos em Cristo, a meditação que Deus nos traz nesta manhã nos oferece duas belíssimas lições que podem nos auxiliar em nosso exame de consciência pessoal.
A primeira lição nos leva a refletir sobre a queixa – se pudermos assim chamá-la – que São Paulo faz ao descrever os sofrimentos que enfrentou de toda espécie, seja individual ou coletivamente: lutas contra ladrões, perigos no mar, açoites, feras, perseguições tanto por gentios pagãos que quiseram aprontar com ele quanto por seus próprios compatriotas, os judeus que eram fariseus como ele.
E, mesmo assim, ele nos ensina que é na fraqueza que Deus manifesta sua força, realizando prodígios e derramando graças copiosas. Assim ocorre conosco. Temos três lutas interiores para manter nossa justiça diante de Deus: na ordem material, espiritual e moral.
Em todas essas realidades, devemos lutar contra nossa carne para não ficarmos sujeitos aos pagãos, ao demônio ou ao mundo, que, dia após dia, nos ensina não apenas o que não nos santifica, mas também o que nos desvia de nossa condição de filhos de Deus.
Há muitos pagãos batizados que, em poucos dias, “pularão o Carnaval”. O Padre Júlio de Lombaerde dizia: “Precisamos voltar a evangelizar os batizados”. Serão milhares e milhares, milhões e milhões de pessoas que, na Quarta-feira de Cinzas, estarão nas Missas Novas, sem qualquer vergonha, recebendo as cinzas na fronte. Infelizmente, essa é a realidade. Muitos disfarçam, mascaram, enfeitam, mas são como a semente entre os espinhos: há até uma boa vontade, mas não há a renúncia das paixões de outrora.
Se não há essa justiça espiritual, temporal e moral em nós, nos tornamos semelhantes às sementes que o Senhor lançou, mas que foram arrancadas pelo demônio ou sufocadas pelos caprichos do mundo.
Qual é, então, a segunda lição? Surge a reflexão sobre qual das paixões desordenadas mais nos afasta da vontade de Deus. Será a ira? A gula? A luxúria? A vaidade? Certamente, cada um de nós tem um ponto específico de luta.
Lembro-me duma ocasião em que uma pessoa me fez uma pergunta: “Por que é tão difícil vencer a ira que carrego no coração?”. Respondi: “O segredo da tua ira está no perfeccionismo. Você quer que tudo gire ao redor do que você considera correto. Você se vê como justa, pronta, imaculada, irrepreensível, mas esquece que todos estamos em um trabalho de formiguinha”. Quando essa pessoa reconheceu seu limite e o dos outros, compreendeu que sua ira desmedida não passava de uma tempestade num copo d’água. Desde aquela semana, ela mudou muito. Procurou a Confissão e se dispôs a mudar.
De fato, muitas vezes, fazemos tempestades em copos d’água porque queremos que as coisas sejam como desejamos, à nossa medida, à nossa forma. Assim também ocorre na parábola do semeador. Se não nos moldarmos à vontade de Deus, à sua pedagogia e ao seu modo de agir, acabamos confiando excessivamente em nossas próprias soluções para os problemas do mundo. Talvez aquele famoso canto dos anos 80, “We Are The World”, nos faça esquecer que, como dizia São João Bosco, “o mundo é um mau pagador”.
Peçamos, pois, ao Senhor que nos auxilie a viver verdadeiramente como filhos do Altíssimo e que esta boa semente da Palavra Divina enraíze-se em nossa alma e frutifique, para que os que estão ao nosso redor vejam os prodígios de Deus e, acima de tudo, saiam dos erros que o demônio e seus anjos maus semearam ao longo dos séculos.
Louvados sejam os nomes de Jesus e Maria. Para sempre sejam louvados.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Amém 🙏🙏