A Tradição, os Santos e o Combate ao Modernismo

O texto abaixo é a transcrição de uma catequese ministrada pelo Rev. Pe. Wander de Jesus Maia, na Associação Cultural Cor Mariae Dulcissimum, em 20/02/2025.

 


Caros filhos espirituais, hoje nos reunimos para refletir sobre a importância do retábulo de nossa capela e sua função na transmissão da nossa fé católica.

Nosso retábulo é mais do que uma obra de arte; é um símbolo de nossa identidade e da perenidade da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Importância do Retábulo

O retábulo que estamos contemplando tem um significado profundo, pois representa a continuidade da nossa fé. No centro, encontramos a Sagrada Cruz, o fundamento de nossa redenção. Como nos ensina São Paulo, “anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos.”

Os Dois Santíssimos Corações estão entrelaçados e possuem uma coroa única, indicando que não há dois reinos, mas um só: Nosso Senhor é a fonte, e Nossa Senhora é a medianeira, a corredentora, o canal de todas as graças.

Os Papas

Ao lado direito do retábulo estão representados os Papas, sucessores de São Pedro.

Destacamos São Pedro, a pedra sobre a qual Cristo edificou Sua Igreja, seguido por São Clemente de Roma, que consolidou a autoridade do Papado e foi um grande defensor da fé contra as heresias. A Tradição nos ensina que São João, o último dos Apóstolos, foi ao encontro de São Clemente para prestar-lhe obediência, reconhecendo nele a sucessão legítima do Príncipe dos Apóstolos.

Cinco papas gigantes estão representados no retábulo, unidos a São Pedro. São Leão Magno enfrentou a heresia monofisita e conteve a invasão de Átila, o Huno, demonstrando a força espiritual do Papado. Além disso, condenou e anatematizou os hereges que tentavam deturpar a doutrina cristológica. São Gregório Magno estruturou a organização da Igreja e deu forma definitiva à Missa de Sempre. São Pio V, um santo dominicano, purificou a liturgia e garantiu a continuidade da Santa Missa Tradicional. Ele também consolidou o uso do hábito branco entre os papas, pois, ao ser eleito, manteve o hábito de sua ordem. Sua vida de penitência era intensa: dormia no chão, fazia apenas uma refeição por dia e dedicava-se ao jejum e à oração constante. Seu papel foi crucial na execução das reformas do Concílio de Trento, garantindo a preservação da Missa Apostólica.

São Pio X, considerado o maior pontífice da história após São Pedro, foi o grande combatente do modernismo. Instituiu a comunhão frequente, e também para as crianças, reforçou a disciplina eclesiástica e protegeu a fé contra os avanços revolucionários. Foi o último pontífice a realizar uma grande purificação na Igreja, expulsando maçons do Vaticano e combatendo diretamente as infiltrações revolucionárias. Sua firmeza garantiu à Igreja um período de resistência contra os erros modernos, adiando as grandes crises do século XX e preservando a Tradição por mais cinco décadas.

Sua eleição também foi marcada por um sinal da Providência: no conclave de 1903, o imperador da Áustria vetou a eleição do cardeal Rampolla, que era maçom. Com isso, o conclave teve de recomeçar e foi eleito São Pio X, um papa verdadeiramente santo.

Os Bispos

Ao lado esquerdo do retábulo encontram-se os Bispos, sucessores dos Apóstolos, que desempenharam papéis essenciais na defesa da fé ao longo da história.

Entre eles, está também São Paulo, o Apóstolo das Nações, que dedicou sua vida à evangelização e à defesa intransigente da doutrina de Cristo. Dentre os outros, temos quatro que foram verdadeiros “leões da fé”.

Primeiramente, Dom Marcel Lefebvre, o “Leão de Flandres”, cuja fundação da Fraternidade Sacerdotal São Pio X foi um marco na resistência contra o modernismo. Depois, Dom Antônio de Castro Mayer, o “Leão de Campos”, destacou-se como guardião da Tradição em sua diocese, protegendo-a de infiltrações modernistas. Ainda, Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, conhecido como o “Leão de Olinda”, enfrentou bravamente a maçonaria, entregando sua vida em fidelidade à Igreja. Também, Santo Atanásio, o “Leão de Alexandria”, foi um incansável defensor da ortodoxia, combatendo o arianismo com coragem e zelo apostólico.

Por fim, temos Santo Afonso Maria de Ligório, nosso padroeiro e doutor da Igreja, que se destacou na luta contra o relativismo moral e na pregação fervorosa dos novíssimos.

As Santas

Além dos santos mencionados, celebramos também a vida e o legado de quatro grandes santas que desempenharam papéis fundamentais na história da Igreja.

Santa Teresa de Lisieux, padroeira das missões, nos ensinou o valor da infância espiritual, confiando inteiramente na misericórdia de Deus. Também, Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, foi uma voz firme contra a corrupção e aconselhou papas, demonstrando profunda sabedoria e coragem. Ainda, Santa Isabel da Hungria destacou-se por sua caridade incansável e seu desapego aos bens terrenos, vivendo em humildade e serviço aos pobres.

Por fim, Santa Joana d’Arc, conhecida como a donzela guerreira, libertou a França com sua inabalável fé e determinação, permanecendo fiel a Deus até seu martírio.

Conclusão

Estamos vivendo tempos de grande combate espiritual. Assim como no passado a Igreja enfrentou heresias e perseguições, hoje vemos o avanço de uma “nova religião” infiltrada no seio da Igreja, promovendo doutrinas relativistas que enfraquecem a fé.

O combate contra essa nova mentalidade exige de nós fidelidade intransigente à Tradição e ao magistério autêntico da Igreja. A fé católica está sob ataque e devemos permanecer firmes na Tradição. O modernismo tem comprometido a integridade doutrinária da Igreja, introduzindo erros que enfraquecem a fé e desviam os fiéis da Tradição autêntica. Precisamos estar vigilantes e fiéis ao depósito da fé, sem concessões aos erros contemporâneos.

Rezemos para que Nosso Senhor nos conceda santos sacerdotes, fortes na doutrina e no zelo apostólico.

Que Nossa Senhora nos guarde sob seu manto e nos conduza sempre no caminho da santidade.

Salve Nossa Rainha! Salve Jesus!

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