As Polêmicas e Críticas em Torno da Missa Nova: Doutrina, História e Validade

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 14 de janeiro de 2025

Aula dada pelo Prof. Juliano Mello em 13/01/2025.

Introdução

A Missa Nova, introduzida como resultado das “reformas litúrgicas” pós-Concílio Vaticano II, tem problemas teológicos, históricos e pastorais. De um lado, seus defensores apontam para a tentativa de torná-la mais acessível e compreensível para os fiéis. Do outro, a verdade é que as mudanças realizadas representam uma ruptura com a Tradição e comprometem elementos essenciais da doutrina católica. 

Este artigo analisa os principais pontos de controvérsia em torno da Missa Nova, abordando desde suas traduções e reformas até as questões de validade e licitude, com o objetivo de esclarecer os desafios que ela apresenta para a fé católica.

As Palavras da Consagração: Uma Controvérsia Tradutória

Na liturgia da Missa Nova, a expressão utilizada na consagração é “por vós e por todos“, enquanto as palavras de Jesus, segundo a Escritura, foram “por vós e por muitos“. Nalguns países, como a França, traduziu-se como “pela multidão”, enquanto no Brasil (e outros países) prevaleceu “por todos”. Na Hungria, o texto original usava “por muitos”, mas foi alterado após a reedição dos missais com a abertura das fronteiras. 

João Paulo II também utilizou “por todos” em Ecclesia de Eucharistia (2003), que, diante dos protestos, teve seu texto corrigido para “por muitos”, três meses depois. 

Essa alteração é herética e heretizante, porquanto promove a falsa doutrina da Salvação Universal.

A Polêmica em Torno de Annibal Bugnini

Annibal Bugnini, figura central na reforma litúrgica, foi alvo de acusações de ligação com a maçonaria. Em 1975, um eclesiástico denunciou-o ao papa, alegando possuir provas de sua afiliação. Como resultado, Paulo VI o removeu de suas funções e o enviou como pró-núncio ao Irã. 

Essas denúncias foram reforçadas por publicações em jornais italianos como L’Osservatore Politico. O assassinato de Mino Picorelli, jornalista que revelou tais listas, seis meses após a publicação, adiciona um tom misterioso ao caso.

A Infalibilidade da Igreja e a Liturgia

A Igreja não é infalível em suas leis litúrgicas, a menos que o Papa proclame explicitamente sua infalibilidade em condições ex cathedra. Um exemplo é a bula Quo Primum Tempore de São Pio V, que codificou a Missa Tridentina, contrastando com a Missale Romanum de Paulo VI, que não invocou infalibilidade. 

A história mostra que erros podem ocorrer, como, por exemplo, quando Pio XII corrigiu, em 1947, o conceito da matéria essencial do Sacramento da Ordem, demonstrando que revisões são necessárias quando erros aparecem.

A Missa Nova Aboliu a Missa de Sempre?

Em 1986, João Paulo II formou uma comissão de cardeais para examinar a situação da Missa Tridentina. O consenso foi de que esta nunca foi proibida, e nem poderia sê-lo. Bento XVI confirmou isso em Summorum Pontificum (2007), declarando-o expressamente. 

Cardeais como Alphonse Stickler, um dos nove da comissão de 1986, destacaram que um bispo não pode proibir padres de celebrá-la, considerando as palavras de São Pio V que asseguraram sua validade perpétua.

A Validade e Licitude da Missa Nova

A Missa Nova será válida se atender aos requisitos essenciais: ministro, matéria, fórmula e intenção. No entanto, o que jamais será é lícita (agradável a Deus), devido ao caráter ecumênico e protestantizante de suas modificações. 

As alterações que promoveu incluem a nublação da transubstanciação e do Sacrifício Propiciatório, que foram substituídos pela ênfase na Ceia do Senhor.

Diretrizes para Fiéis

A orientação é não comparecer à Missa Nova. Caso não seja possível comparecer à Missa de Sempre, recomenda-se santificar o domingo em casa. A qualidade do celebrante não é suficiente para corrigir os problemas do rito, pois o problema reside no próprio rito, não no sacerdote.

Se circunstâncias quaisquer, porventura, obrigarem o comparecimento à Missa Nova, deve-se evitar a participação ativa, principalmente evitando comungar.

Este artigo busca aprofundar a explicação sobre a crise litúrgica, e reforçar a importância da Tradição na vida da Igreja e dos fieis. 

Que cada fiel reflita sobre o valor da Liturgia como expressão máxima da nossa fé.

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