Por que conhecer, preferir e defender a Missa Tridentina?

Juliano de Henrique Mello By Juliano de Henrique Mello 8 de dezembro de 2024

Introdução

A Santa Missa é o coração da vida da Igreja Católica, sendo o sacrifício de Cristo renovado de maneira incruenta sobre os altares do mundo. [1]

No entanto, ao longo da história, a forma de celebração da missa passou por transformações significativas.

Este artigo reflete sobre a diferença entre a Missa de Sempre (Missa Tridentina) e a Missa Nova, destacando a importância do sacrifício, a continuidade litúrgica e os desafios enfrentados pela Tradição nos tempos modernos.

O Sacrifício: O Centro da Religião

Desde a Queda, o homem busca religar-se a Deus, e o sacrifício emerge como o principal ato religioso. No Gênesis, encontramos Caim e Abel oferecendo oferendas a Deus, mas apenas o sacrifício de Abel – a destruição de algo sensível para glorificar o Criador – é aceito (4,3-5).

Essa prática sacrificial alcança seu ápice no sacrifício de Cristo, como descrito no Evangelho de São Mateus: “Isto é o meu corpo… este é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados” (Mt 26,26-28).

A Missa católica perpetua esse sacrifício de maneira incruenta, através da transubstanciação, fazendo com que Cristo esteja presente em corpo, sangue, alma e divindade.

A Missa de Sempre: Tradição e Desenvolvimento Litúrgico

A Missa Tridentina, codificada por São Pio V após o Concílio de Trento, é o fruto de um desenvolvimento orgânico que remonta aos apóstolos. [2] Cada elemento, das orações ao pé do altar ao Cânon Romano, surgiu e amadureceu ao longo dos séculos, culminando na sua forma estabelecida como “a missa para sempre”. [3]

O papa São Pio V, ao promulgar o Missal Romano, decretou que ele seria usado perpetuamente, exceto por ritos locais com mais de 200 (duzentos) anos. [4]

Essa continuidade garantiu que a Missa fosse reconhecida como o ato religioso perfeito, unindo adoração, propiciação, agradecimento e petição em uma única celebração.

A Missa Nova: Mudanças e Impactos

Com a introdução do Novus Ordo Missae em 1969, promovido pelo Papa Paulo VI, muitos elementos tradicionais da liturgia foram modificados, levando a debates sobre a perda do caráter sacrifical da Missa: a expressão de “memorial” e “refeição” ganhou destaque, o que enfraqueceu a percepção da Missa como sacrifício. [5]

Pesquisas indicam que essa mudança litúrgica influenciou a vivência da fé. Dados mostram que católicos que frequentam a Missa Tridentina apresentam maior adesão aos ensinamentos da Igreja, enquanto entre os frequentadores da Missa Nova há maior aceitação de práticas como contracepção, aborto e casamento gay. [6]

A Crise Litúrgica e Moral

Os efeitos da reforma litúrgica não se restringem ao âmbito espiritual. Dom Prosper Guéranger, no início do século XX, já alertava que a perda da Missa Tradicional levaria a um declínio moral entre os fiéis, comparável ao paganismo. [7]

A realidade contemporânea parece confirmar sua profecia, com uma crescente secularização observada entre os católicos.

Conclusão

A Missa Tridentina não é apenas um rito; ela representa a continuidade da fé e o vínculo com a Tradição Apostólica. Proteger essa herança não é apenas preservar um rito antigo, mas salvaguardar o entendimento da Missa como o sacrifício perfeito de Cristo.

Diante dos desafios modernos, é essencial refletir sobre a riqueza espiritual e doutrinal da Missa de Sempre, buscando nela as respostas para uma vivência mais profunda da fé católica.


Notas de rodapé

[1] Catecismo de São Pio X : ilustrado e comentado / São Pio X. Rio de Janeiro: Ed. CDB, 2023, pp. 271-3.

[2] Bento XVI, Summorum Pontificum, 2007, disponível aqui.

[3] São Pio V, Quo Primum Tempore, de 1570, disponível aqui;

[4] Idem.

[5] Cardeal Alfredo Ottaviani, Breve Exame Crítico do Novus Ordo Missae, 1969, disponível aqui.

[6] Um exemplo pode ser visto em artigo do site “O Fiel Católico”, disponível aqui.

[7] A Missa Tridentina : explicações das orações e das cerimônias da Santa Missa / Dom Prosper Guéranger, abade de Solesmes ; [tradução Anna Luíza Fleichman]. – Niterói, RJ : Permanência, 2010.

Bibliografia

Catecismo católico da crise na Igreja, Pe. Matthias Gaudron / tradução de Leonardo Calabrese. – Niterói, RJ: Permanência, 2011;

Catecismo da Igreja Católica: Promulgado pelo Sacrossanto Concílio de Trento. – Rio de Janeiro: Ed. CDB, 2024;

A Divina Eucaristia & As Excelências da Santa Missa / Padre Valentín de San José ; São Leonardo de Porto Maurício; Tradução: Natália Estrella – 1. ed. – Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022.

Didaqué : o catecismo dos primeiros cristãos para as comunidades de hoje. – São Paulo : Paulus, disponível aqui;

Pio XI, Officiorum Omnium, de 1922, disponível aqui;

Pio XII, Mediator Dei, de 1947, disponível aqui;

Paulo VI, Missale Romanum, de 1969, disponível no seguinte aqui.

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