A Imaculada Conceição: A Obra-Prima da Graça Divina

O texto abaixo é um sermão, proferido pelo Reverendíssimo Padre Wander de Jesus Maia, da Associação Cor Mariae Dulcissimum, instituição amiga da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), na Festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, em 08/12/2024:

“A magnífica solenidade de hoje resulta da justiça divina para com a Sua obra.

Deus nunca permitiria que o mal, a desobediência e a infidelidade prevalecessem. Em previsão dos méritos infinitos de Seu Divino Filho, que realizaria a obra da Encarnação, Deus tomou todo o cuidado para que a obra da Encarnação destronasse o maligno. Como Ele mesmo dirá na noite de Quinta-feira Santa, logo após a tríplice instituição: a instituição do Ministério Sacerdotal, do Sacrifício Perfeito e do Santíssimo Sacramento. Quando conclui essas instituições, e Judas ainda está presente, Ele comunica aos apóstolos: “Agora vai ser lançado fora o príncipe deste mundo.” É como se Nosso Divino Redentor dissesse:

“Agora é hora de pôr as coisas no lugar. Exatamente como meu Pai estabeleceu, eu vim cumprir pelo poder do Espírito Santo, para lançar fora o príncipe deste mundo.” 

São João, em uma de suas epístolas, revelará que o Filho de Deus veio para destruir a obra do maligno. Em vista da vinda de Seu Divino Filho ao mundo, Deus cuidará de tudo com um cuidado e perfeição tais que o ápice desse cuidado será a criação daquela santíssima mulher escolhida em Seu beneplácito, no desígnio salvífico, para gerar Seu Filho feito homem.

Se a primeira Eva foi criada em estado de graça, sem pecado, como não considerar que Deus criaria a segunda Eva, que traria ao mundo Seu Divino Filho, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, em um estado ainda mais sublime? A primeira Eva caiu pela tentação do maligno, desejando ser autônoma em relação à autoridade de Deus. Mas a segunda Eva, Nossa Senhora, foi preservada de qualquer mancha de pecado, preparada para ser a Mãe do Salvador, cujo corpo destruiria a obra de Satanás.

Nossa fé combate as armadilhas gnósticas, que negam que Cristo tenha tido um corpo real, palpável e material, como testemunhado na crucificação e ressurreição. O Senhor, ao aparecer aos apóstolos, diz:

“Tocai-me, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.”

Ele reafirma a verdade de Sua Encarnação ao mostrar Suas chagas, algo impossível para uma ilusão ou “fantasmata”, como São Jerônimo traduz.

Deus triunfa ao enviar Seu Filho ao mundo de forma perfeita, criando a nova Eva em um estado de graça superior. Ao contemplar essa criatura perfeita, o Altíssimo fica extasiado, pois ela é a obra-prima de Sua criação. Quem poderia imaginar que o próprio Deus se encantaria com a perfeição de Sua criatura?

Essa segunda Eva é a Mãe de Deus, a Rainha do Céu, concebida sem pecado, protegida de qualquer proximidade de Lúcifer. Deus, em Sua providência, colocou um véu de mistério em torno dela, impedindo que o maligno sequer se aproximasse. “Minha filha. Ninguém a toca”, declara o Senhor.

O Filho foi enviado para realizar a Redenção e a “recompra” da humanidade, retomando a posse da criatura feita para conhecer, amar e servir a Deus. Essa Redenção foi realizada por meio da Santíssima Humanidade de Cristo, que Ele recebeu de Sua Mãe, a Imaculada Conceição. Que mistério sublime e incomparável!

Devemos nos perguntar: com que temor e reverência não devemos nos dirigir a Deus, que nos deu tal Rainha, tão adornada de glória e perfeição? Não há perigo de idolatria ao venerarmos Nossa Senhora, pois ela é a mais perfeita das criaturas, mas infinitamente inferior à glória de Deus. Nossa veneração é uma hiperdulia, como ensinado pela Igreja.

O anjo Gabriel, ao saudá-la com “Ave, cheia de graça”, reconhece nela a plenitude da graça divina, algo que jamais aconteceu na história da salvação. Ele se prostra diante dela, em submissão e obediência, pois contempla nela, por participação, aquilo que viu no trono de Deus.

Ai daqueles que negarem suas prerrogativas, como sua Imaculada Conceição, virgindade perpétua, maternidade divina ou assunção em corpo e alma aos céus. Esses se opõem ao próprio Deus e à Sua obra. O protestantismo, ao negar Maria, arma uma disputa contra o próprio Criador, mas será aniquilado para a maior glória de Deus e de Sua Santíssima Mãe.

Meus filhos, cabe-nos contemplar este mistério e nos devotar à nossa incomparável Mãe, difundindo Seu reinado nas almas e na sociedade. O que o maligno perdeu, ela recebeu, tornando-se a portadora da luz de forma excelente e perfeita.

Que Nossa Senhora reine em nossas vidas! Dediquemos-nos a ela hoje, na festa de sua Imaculada Conceição, dizendo:

“Minha Rainha, minha Senhora, minha Mãe, reine sobre mim com o reinado de Seu Divino Filho.”

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!”

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